Acho que devia ter medo e não tenho..
Todos os homens com quem já estive me quiseram desde o primeiro momento, por adivinharem em mim um orgulho, uma altivez..
Um: "não ser vergada com facilidade"..
E se há coisa que um homem gosta mais do que de um "fruto proibido" é uma mulher que não se verga facilmente.
Quase todas as mulheres com quem me dou gosta de mim pela minha frontalidade e talvez falta de paciência para "coisas de gaja"...
A vida ensinou-me que no aqui e agora só posso contar comigo e daqui só saio sozinha.
Por isso sou desconfiada e não dou o braço a torcer..
Até porque a minha verdadeira natureza ainda está por revelar até a mim mesma.
Mas, até agora..
Tu nunca tentaste vergar-me..
Apareceste-me na forma de talvez um amigo sem motivos ulteriores ou ocultos que, de vez em quando me chama à atenção quando o ódio me tolda a visão e o pensamento..
Por isso te agradeço.
Por seres como és e por me aceitares como sou.
segunda-feira, 25 de julho de 2011
sábado, 23 de julho de 2011
Old habits die hard..
Estou habituada a ter de me esforçar o dobro por tudo aquilo que quero.
Estou habituada a não ter o que quero mesmo lutando..
Estou habituada a ser traída.
Estou habituada a ser abandonada.
Estou habituada a que as pessoas desistam de mim, até porque ultimamente é o que mais faço..
Desisto de mim, desisto dos outros..
Deito tudo a perder e fujo asustada.
Ou então agarro-me com muita força, até sangrar..
Sim, porque comigo é mesmo até sangrar..
Até eu implorar que nao me deixem..
Porque ela deixou.
E depois disso nada foi igual.
E nunca nada há-de ser igual a uma vida normal.
Estou habituada a não ter o que quero mesmo lutando..
Estou habituada a ser traída.
Estou habituada a ser abandonada.
Estou habituada a que as pessoas desistam de mim, até porque ultimamente é o que mais faço..
Desisto de mim, desisto dos outros..
Deito tudo a perder e fujo asustada.
Ou então agarro-me com muita força, até sangrar..
Sim, porque comigo é mesmo até sangrar..
Até eu implorar que nao me deixem..
Porque ela deixou.
E depois disso nada foi igual.
E nunca nada há-de ser igual a uma vida normal.
sexta-feira, 22 de julho de 2011
Porque sim.. Ou talvez não seja tão aleatório assim..
Tenho medo de toda a gente que me toca..
Especialmente se for no coração.
"Don't worry.." The voice says..
"Someday your heart will turn to stone, and it will no longer hurt, and there will be no more lonelly days pretending that you are actually trying to be human..
They will all fade into memories."
And I dry my tears, as I know that time will make it all go away.
Someday..
Someday..
Especialmente se for no coração.
"Don't worry.." The voice says..
"Someday your heart will turn to stone, and it will no longer hurt, and there will be no more lonelly days pretending that you are actually trying to be human..
They will all fade into memories."
And I dry my tears, as I know that time will make it all go away.
Someday..
Someday..
domingo, 17 de julho de 2011
De 1 a 10, post tão chunga que rebenta a escala.. Não tenho culpa se sou sincera..
" Pode-se mudar uma cidade, mas não se pode mudar um poço de lugar. Os amantes encontram-se, matam a sua sede, constroem as suas casas, criam os seus filhos em volta do poço.
Mas se um deles decide partir, o poço não pode segui-lo.
O amor fica ali abandonado - embora cheio da mesma água pura de antes."
Estarei a tornar-me tão cínica que já nem acredito em amor?
Mas se um deles decide partir, o poço não pode segui-lo.
O amor fica ali abandonado - embora cheio da mesma água pura de antes."
I Ching
A dada altura do dia isto pareceu fazer sentido...
Agora já não..
Estarei a tornar-me tão cínica que já nem acredito em amor?
Aqui há dias em conversa com alguém disse que: " Amor, sinto-o pela minha família apenas!"
Claro que também disse que o meu colega de casa podia enfiar os sentimentos no cú...
Claro que também disse que o meu colega de casa podia enfiar os sentimentos no cú...
Quando este postava um poema a dizer que só de ouvir o meu nome o seu coração disparava e se eu passa-se e ele senti-se o meu cheiro isso transportava-o ás nuvens... ( Eu por acaso tenho o hábito de tomar banho.. Mas, e se fosse uma fedúnfia nojenta... Cheia de katinga? [nunca na puta da minha vida tive katinga!])
Só é pena que ele seja feio como a merda e a sua personalidade não me atraia minimamente.. (e cada vez mais me desilude a sua cobardia... Tão homem... [sim, porque há cobardias que acho que só mesmo um homem{ Leia-se rato! E puto sem cabecinha! } consegue ter falta de carácter suficiente para cometer! ] Tão fajuto, que fraco de espírito!!)
Senão até casávamos...
E Tinhamos filhos deficientes.. (no doubt about that)
sábado, 16 de julho de 2011
As palavras que nunca te direi..
Um dia sem aviso prévio tudo mudou..
O Tio de Kali foi viver com esta, o seu Pai e os seus avós, começou a trabalhar no mesmo sítio que o Pai, a fazer o mesmo horário nocturno.
Mas, de certa forma e pelos curtos anos que o Tio ficou na vida de Kali, a viver com ela..
Ele foi tudo o que ela precisava, tudo o que ela sonhava..
E Kali por momentos sentiu-se bem vinda..
Quando chegava a casa e cumprimentava toda a gente o Pai perguntava como tinha sido o seu dia mas se Kali se alonga-se por mais de um adjectivo o Pai dizia que esta o aborrecia e enxotava-a...
Então todos os dias quando Kali chegava e cumprimentava o Pai, este perguntava-lhe como tinha sido o seu dia e ela respondia: "Bom."
Quando cumprimentava o seu Tio no entanto, este perguntava-lhe como tinha sido o seu dia...
E, Kali contava-lhe tudo o que até ai não tinha conseguido contar a ninguém..
O Tio aconselhava-a, avisava-a, brincava com ela e até a ajudava a fazer os tpc's...
Kali sentia-se feliz, não conseguia ainda tirar a máscara que usava de menina de bem que agrada a tudo e todos...
Mas ás vezes tentava..
Nem tudo foi um mar de rosas claro..
Tempos perigosos aproximavam-se e o Tio tentou avisar a menina, mas Kali usava a máscara há demasiado tempo... Tirá-la ser-lhe-ia tão penoso como arrancar a própria pele..
Um dia..
Descobre-se que o Tio tem cancro, em estado terminal!
A esta altura este vivia com a namorada, mas continuava a ser um dos pilares essenciais para Kali..
Em pouco tempo dá-se uma mudança drástica no físico do Tio, com a quimioterapia o cabelo cai, a falta de apetite também o torna numa espécie de esqueleto ambulante, não obstante continuava a ser a pessoa extraordinária que sempre havia sido.
Kali não se apercebeu como o tempo passou tão depressa, nem conseguiu mostrar ao Tio nesses últimos momentos como ele era importante para ela, em vez disso seguiu a sua vida de estudante..
Um dia o Tio teve de ser hospitalizado, os seus pulmões estavam a dar de si e passou a ser comum ele ir ao hospital, passar a noite e receber oxigenio.
Um outro dia..
De manhã recebem um telefonema, kali preparava-se para ir para a escola, o Pai atende e fala com alguém, desliga e agarra a filha.
" O Tio M. morreu!"
Kali não acredita, vai para as aulas e passa o dia num estado de torpor.
Chega a casa e está lá muita gente, a máscara de menina bonita está a postos!
Sorri, conversa e faz tudo o que uma jovem anfitriã deve fazer.
Passados alguns dias é o enterro, Kali vai ao pé do caixão e reconhece o Tio, começa a ficar com a vista toldada, aquele corpo de cabeça rapada, enfezado com os ossos á vista, aquele é o Tio, o Tio está morto, nada o trará de volta..
Lágrimas começam a correr e pensamentos correm-lhe pela cabeça..
Como tinha sido injusta na ultima discussão quando o Tio a tentara fazer ser ela própria, como a sua língua se tornara viperina e como respondia torto!
Quão malcriada se tornara e que audácia!
E nunca tinha dito ao Tio como ele era importante para ela, o quanto a fazia feliz ter alguém que se importa-se com ela..
As lágrimas corriam e alguém agarra na menina, um amigo da família, Kali balbucia coisas sem sentido, finalmente apercebe-se da morte do Tio, da doença terminal que sabia que o levaria e da mortalidade das pessoas que a rodeiam, a missa acabou e levam a menina dali, ela continua a chorar uma torrente de mágoas.
Vê-se de repente num cemitério e alguém lhe dá um urna, o Tio fora cremado.
Kali agarra-se à urna como se fosse a ultima hipótese de abraçar o Tio.
Obrigada Tio, por fazeres parte da minha vida.
O Tio de Kali foi viver com esta, o seu Pai e os seus avós, começou a trabalhar no mesmo sítio que o Pai, a fazer o mesmo horário nocturno.
Mas, de certa forma e pelos curtos anos que o Tio ficou na vida de Kali, a viver com ela..
Ele foi tudo o que ela precisava, tudo o que ela sonhava..
E Kali por momentos sentiu-se bem vinda..
Quando chegava a casa e cumprimentava toda a gente o Pai perguntava como tinha sido o seu dia mas se Kali se alonga-se por mais de um adjectivo o Pai dizia que esta o aborrecia e enxotava-a...
Então todos os dias quando Kali chegava e cumprimentava o Pai, este perguntava-lhe como tinha sido o seu dia e ela respondia: "Bom."
Quando cumprimentava o seu Tio no entanto, este perguntava-lhe como tinha sido o seu dia...
E, Kali contava-lhe tudo o que até ai não tinha conseguido contar a ninguém..
O Tio aconselhava-a, avisava-a, brincava com ela e até a ajudava a fazer os tpc's...
Kali sentia-se feliz, não conseguia ainda tirar a máscara que usava de menina de bem que agrada a tudo e todos...
Mas ás vezes tentava..
Nem tudo foi um mar de rosas claro..
Tempos perigosos aproximavam-se e o Tio tentou avisar a menina, mas Kali usava a máscara há demasiado tempo... Tirá-la ser-lhe-ia tão penoso como arrancar a própria pele..
Um dia..
Descobre-se que o Tio tem cancro, em estado terminal!
A esta altura este vivia com a namorada, mas continuava a ser um dos pilares essenciais para Kali..
Em pouco tempo dá-se uma mudança drástica no físico do Tio, com a quimioterapia o cabelo cai, a falta de apetite também o torna numa espécie de esqueleto ambulante, não obstante continuava a ser a pessoa extraordinária que sempre havia sido.
Kali não se apercebeu como o tempo passou tão depressa, nem conseguiu mostrar ao Tio nesses últimos momentos como ele era importante para ela, em vez disso seguiu a sua vida de estudante..
Um dia o Tio teve de ser hospitalizado, os seus pulmões estavam a dar de si e passou a ser comum ele ir ao hospital, passar a noite e receber oxigenio.
Um outro dia..
De manhã recebem um telefonema, kali preparava-se para ir para a escola, o Pai atende e fala com alguém, desliga e agarra a filha.
" O Tio M. morreu!"
Kali não acredita, vai para as aulas e passa o dia num estado de torpor.
Chega a casa e está lá muita gente, a máscara de menina bonita está a postos!
Sorri, conversa e faz tudo o que uma jovem anfitriã deve fazer.
Passados alguns dias é o enterro, Kali vai ao pé do caixão e reconhece o Tio, começa a ficar com a vista toldada, aquele corpo de cabeça rapada, enfezado com os ossos á vista, aquele é o Tio, o Tio está morto, nada o trará de volta..
Lágrimas começam a correr e pensamentos correm-lhe pela cabeça..
Como tinha sido injusta na ultima discussão quando o Tio a tentara fazer ser ela própria, como a sua língua se tornara viperina e como respondia torto!
Quão malcriada se tornara e que audácia!
E nunca tinha dito ao Tio como ele era importante para ela, o quanto a fazia feliz ter alguém que se importa-se com ela..
As lágrimas corriam e alguém agarra na menina, um amigo da família, Kali balbucia coisas sem sentido, finalmente apercebe-se da morte do Tio, da doença terminal que sabia que o levaria e da mortalidade das pessoas que a rodeiam, a missa acabou e levam a menina dali, ela continua a chorar uma torrente de mágoas.
Vê-se de repente num cemitério e alguém lhe dá um urna, o Tio fora cremado.
Kali agarra-se à urna como se fosse a ultima hipótese de abraçar o Tio.
Obrigada Tio, por fazeres parte da minha vida.
sexta-feira, 15 de julho de 2011
Mais uma volta, mais uma viagem..
Não sei o que fazer..
Nem sequer é algo que se note na minha cara..
É uma espécie de desespero calado que me deixa com cara de poucos amigos..
Bem, anti-social já eu sou de qualquer das formas..
Chego ao meu local de trabalho e Barbie interpela-me:
"E essas unhas?
Oh! Que cor tão gira!
As minhas são fraquinhas.
Vamos voar juntas hoje! ih ih ih"
Depois de um dos quatro voos que fiz hoje Barbie vem ter cá atrás ( à back galley para os entendidos) e diz:
" Ah, quando fizeste as tuas unhas? A cor é muito gira!"
No segundo voo Barbie pergunta-me:
"Hoje olhas para mim de maneira estranha porque X anda a dizer que dormi com o capitão Y ?
Respondo com uma indiferença mal contida:
Barbie, eu não quero saber de "gossips" e como se diz em português: "Não engravido pelas orelhas!"
Barbie olha para mim como se eu tivesse 2 cabeças e não compreende que a minha forma de olhar apenas se deve ao facto de ela apenas falar comigo para me gabar as unhas..
De facto, uma vez até tentara falar comigo sobre pilotos e quem dorme com quem na Javardair..
Mas eu fingi que não conhecia nenhuma das miúdas de quem me estava a falar..
Deve também nessa altura ter percebido que a minha próxima resposta seria:
"Não quero saber.."
Olho para o lado, Barbie fala com o nosso colega em checo, eslovaco ou de onde raio sejam eles oriundos.
Ele diz algo, ela atira a cabeça para trás e dá uma gargalhada alta mas suave, naquele jeitinho especial que só uma mulher consegue dar com uma piada que um homem diga.
Faz-me pensar se estarei no trabalho certo.
Se fosse suposto a vida ser assim tão fútil... Porque não estamos extintos ainda?
OH CRAP!
Já começo com os meus devaneios pessimistas..
Será que dentro da minha cabeça há mesmo uma "romântica" do século XIX escondida algures?
Já me perdi nos meus pensamentos..
Tudo isto para dizer que não estou chateada com a Barbie, nem com as Barbies do mundo.
Estou chateada com o mundo, com o sistema, com os jogos que as mulheres fazem/têm de fazer, com o jogo de cintura, com o jogo de palavras, conversas, olhares, toques..
Com os homens que andam à caça, com as mulheres que se produzem para ser caçadas, com as que não se produzem e apontam dedos e atiram pedras!
Com as minhas unhas vermelhas, com o meu bâton vermelho, com o sorriso que não sinto mas faço, com as multidões que me fazem sentir sozinha..
Com os sentimentos que não sinto..
Com a felicidade que não encontro.
Com as palavras que escrevo e me soam como um desespero sussurrado, uma declamação do isolamento a que me obrigo porque não consigo ser uma barbie fútil, porque não quero ir a festas apenas para dormir com alguém.
Porque não consigo compactuar com esta fantochada de amigos de ocasião só para sair à noite ou beber a meio da tarde.
Preciso de férias..
Da minha vida!
Nem sequer é algo que se note na minha cara..
É uma espécie de desespero calado que me deixa com cara de poucos amigos..
Bem, anti-social já eu sou de qualquer das formas..
Chego ao meu local de trabalho e Barbie interpela-me:
"E essas unhas?
Oh! Que cor tão gira!
As minhas são fraquinhas.
Vamos voar juntas hoje! ih ih ih"
Depois de um dos quatro voos que fiz hoje Barbie vem ter cá atrás ( à back galley para os entendidos) e diz:
" Ah, quando fizeste as tuas unhas? A cor é muito gira!"
No segundo voo Barbie pergunta-me:
"Hoje olhas para mim de maneira estranha porque X anda a dizer que dormi com o capitão Y ?
Respondo com uma indiferença mal contida:
Barbie, eu não quero saber de "gossips" e como se diz em português: "Não engravido pelas orelhas!"
Barbie olha para mim como se eu tivesse 2 cabeças e não compreende que a minha forma de olhar apenas se deve ao facto de ela apenas falar comigo para me gabar as unhas..
De facto, uma vez até tentara falar comigo sobre pilotos e quem dorme com quem na Javardair..
Mas eu fingi que não conhecia nenhuma das miúdas de quem me estava a falar..
Deve também nessa altura ter percebido que a minha próxima resposta seria:
"Não quero saber.."
Olho para o lado, Barbie fala com o nosso colega em checo, eslovaco ou de onde raio sejam eles oriundos.
Ele diz algo, ela atira a cabeça para trás e dá uma gargalhada alta mas suave, naquele jeitinho especial que só uma mulher consegue dar com uma piada que um homem diga.
Faz-me pensar se estarei no trabalho certo.
Se fosse suposto a vida ser assim tão fútil... Porque não estamos extintos ainda?
OH CRAP!
Já começo com os meus devaneios pessimistas..
Será que dentro da minha cabeça há mesmo uma "romântica" do século XIX escondida algures?
Já me perdi nos meus pensamentos..
Tudo isto para dizer que não estou chateada com a Barbie, nem com as Barbies do mundo.
Estou chateada com o mundo, com o sistema, com os jogos que as mulheres fazem/têm de fazer, com o jogo de cintura, com o jogo de palavras, conversas, olhares, toques..
Com os homens que andam à caça, com as mulheres que se produzem para ser caçadas, com as que não se produzem e apontam dedos e atiram pedras!
Com as minhas unhas vermelhas, com o meu bâton vermelho, com o sorriso que não sinto mas faço, com as multidões que me fazem sentir sozinha..
Com os sentimentos que não sinto..
Com a felicidade que não encontro.
Com as palavras que escrevo e me soam como um desespero sussurrado, uma declamação do isolamento a que me obrigo porque não consigo ser uma barbie fútil, porque não quero ir a festas apenas para dormir com alguém.
Porque não consigo compactuar com esta fantochada de amigos de ocasião só para sair à noite ou beber a meio da tarde.
Preciso de férias..
Da minha vida!
segunda-feira, 4 de julho de 2011
Era uma vez..
Era uma vez uma menina, que nasceu num país em guerra..
Os Pais dela decidiram levá-la para outro país, um país seguro, com novas oportunidades!
Mas como nem tudo pode ser contos de fadas, o país das oportunidades não era para já o que os Pais queriam para eles próprios, então deixaram a menina com a avó, (que já lá vivia há algum tempo) e voltaram para o país em guerra.
Afinal, a nossa terra é sempre a nossa terra!
Passados alguns anos os pais da menina separaram-se e o Pai decidiu ir para o país das oportunidades.
A menina entretanto vivia feliz com a avó, super-protegida de tudo e de todos até porque a menina era "diferente", tinha uma cor de pele diferente e naquele momento ainda eram raras as pessoas "diferentes", na escola as outras crianças eram cruéis para ela mas a menina não disse nada a ninguém até muitos anos depois.
Quando o Pai da menina foi viver com ela a menina pensou que as coisas iam mudar, ou voltar ao que eram, ou que pelo menos ia ter alguém com quem falar já que a avó da menina tinha um trabalho extenuante e que lhe estava também a agravar certos problemas de saúde dado que tinha já uma certa idade..
Mas tal não aconteceu, o Pai refugiou-se no álcool para tentar esquecer que no país das oportunidades não havia oportunidades para pessoas com o seu nível de intelecto, o Pai convivia com pessoas rudimentares que não o estimulavam a nenhum nível o que o fez fechar-se cada vez mais no álcool.
A menina entretanto crescia e, por muito "diferente" que fosse conseguia fazer amigos com cada vez mais facilidade mas era tão sobre-protegida que lhe era difícil manter amizades fora da escola pois não podia sair. A Avó estava também a educá-la para ser uma "senhora", o que no mundo moderno significa saber tratar de uma casa, saber fazer croché, coser, cozinhar, andar com uma certa pose, cruzar as pernas sempre, etc et cacetetra..
Começava a notar-se as diferenças no carácter da menina, aquela que tinha começado por ser uma miúda faladora, risonha e activa passou a uma miúda envergonhada, medrosa e solitária que tentava agradar a tudo e todos. A páginas tantas já não sabia quem era nem o que queria para si mesma, apenas queria agradar, desde que gostassem dela..
Começou a engordar, a comida era das poucas coisas que lhe dava prazer..
Um dia o Pai apanha mais uma das suas bebedeiras habituais de fim-de-semana e balbucia para a filha:
"A tua avó!
A tua avó é tua mãe!
Tu não tens mãe!"
A menina irritou-se (chamemos-lhe Kali), este homem que se encontrava à sua frente não era o seu Pai, o seu Pai tinha ficado no seu país, este era um impostor, um farrapo de pessoa que só bebia, como se atrevia ele a falar da Mãe! Essa memória perdida que Kali tentava a muito custo agarrar-se.
Kali respondeu:
" A avó é a avó!
Eu tenho mãe!"
"Não tens filha, a avó é a tua mãe..
A tua mãe morreu."
Foi como se um buraco se abrisse debaixo da terra.
Então isto é que era a vida dela? Não havia mais ninguém?
Iria passar a vida a estudar e a fazer tarefas domésticas sem ter ninguém com quem contar?
Ninguém que quisesse saber como fora o dia dela de escola?
Ninguém que compreendesse que era difícil ser diferente?
Ninguém que a apoiasse e a ajudasse a ser normal, por uma vez na vida...
Ela só queria a mãe de volta, tudo o que ela queria.. Era ter uma mãe!
Alguém que a abraçasse e lhe dissesse que estava tudo bem, mesmo que não fosse verdade..
Soube passado algum tempo que a sua mãe tinha morrido fazia já um ano..
E ninguém lhe tinha dito.
Os Pais dela decidiram levá-la para outro país, um país seguro, com novas oportunidades!
Mas como nem tudo pode ser contos de fadas, o país das oportunidades não era para já o que os Pais queriam para eles próprios, então deixaram a menina com a avó, (que já lá vivia há algum tempo) e voltaram para o país em guerra.
Afinal, a nossa terra é sempre a nossa terra!
Passados alguns anos os pais da menina separaram-se e o Pai decidiu ir para o país das oportunidades.
A menina entretanto vivia feliz com a avó, super-protegida de tudo e de todos até porque a menina era "diferente", tinha uma cor de pele diferente e naquele momento ainda eram raras as pessoas "diferentes", na escola as outras crianças eram cruéis para ela mas a menina não disse nada a ninguém até muitos anos depois.
Quando o Pai da menina foi viver com ela a menina pensou que as coisas iam mudar, ou voltar ao que eram, ou que pelo menos ia ter alguém com quem falar já que a avó da menina tinha um trabalho extenuante e que lhe estava também a agravar certos problemas de saúde dado que tinha já uma certa idade..
Mas tal não aconteceu, o Pai refugiou-se no álcool para tentar esquecer que no país das oportunidades não havia oportunidades para pessoas com o seu nível de intelecto, o Pai convivia com pessoas rudimentares que não o estimulavam a nenhum nível o que o fez fechar-se cada vez mais no álcool.
A menina entretanto crescia e, por muito "diferente" que fosse conseguia fazer amigos com cada vez mais facilidade mas era tão sobre-protegida que lhe era difícil manter amizades fora da escola pois não podia sair. A Avó estava também a educá-la para ser uma "senhora", o que no mundo moderno significa saber tratar de uma casa, saber fazer croché, coser, cozinhar, andar com uma certa pose, cruzar as pernas sempre, etc et cacetetra..
Começava a notar-se as diferenças no carácter da menina, aquela que tinha começado por ser uma miúda faladora, risonha e activa passou a uma miúda envergonhada, medrosa e solitária que tentava agradar a tudo e todos. A páginas tantas já não sabia quem era nem o que queria para si mesma, apenas queria agradar, desde que gostassem dela..
Começou a engordar, a comida era das poucas coisas que lhe dava prazer..
Um dia o Pai apanha mais uma das suas bebedeiras habituais de fim-de-semana e balbucia para a filha:
"A tua avó!
A tua avó é tua mãe!
Tu não tens mãe!"
A menina irritou-se (chamemos-lhe Kali), este homem que se encontrava à sua frente não era o seu Pai, o seu Pai tinha ficado no seu país, este era um impostor, um farrapo de pessoa que só bebia, como se atrevia ele a falar da Mãe! Essa memória perdida que Kali tentava a muito custo agarrar-se.
Kali respondeu:
" A avó é a avó!
Eu tenho mãe!"
"Não tens filha, a avó é a tua mãe..
A tua mãe morreu."
Foi como se um buraco se abrisse debaixo da terra.
Então isto é que era a vida dela? Não havia mais ninguém?
Iria passar a vida a estudar e a fazer tarefas domésticas sem ter ninguém com quem contar?
Ninguém que quisesse saber como fora o dia dela de escola?
Ninguém que compreendesse que era difícil ser diferente?
Ninguém que a apoiasse e a ajudasse a ser normal, por uma vez na vida...
Ela só queria a mãe de volta, tudo o que ela queria.. Era ter uma mãe!
Alguém que a abraçasse e lhe dissesse que estava tudo bem, mesmo que não fosse verdade..
Soube passado algum tempo que a sua mãe tinha morrido fazia já um ano..
E ninguém lhe tinha dito.
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